sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Não sei se o que vem de mim é verdade. 
Aquela verdade que te foi destinada , ou que não foi, caso o destino seja vão.
Eu nunca duvido dela, pela intensidade da sua  irremediável constância.
Mas duvido dela pela falta de sentido de oportunidade .

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Mulher do Fado
 
























Trago em mim a angústia da saudade.
Não se vai e descansa no meu peito.
Eterna e soberana condição não saber da tua sorte .
Que em mim é inveja de não a ter mesmo assim:
Liberta, descarada e sem saber de mim.
Trago em mim o olhar e o sorriso
em laivos de pensamento.
Esbatido mas claro como a noite iluminada de lua cheia
 Fala-me  de ti que eu vou sabendo
acalmar a minha dor.
Dia após dia espero-te no mesmo cais.
Como a mulher do Fado.
De preto.
Confiante.
Cantando ao vento o teu retorno



segunda-feira, 4 de junho de 2018

Sou apenas eu.
Não mais nem menos que tu.
Tenho muitos nomes e nome nenhum.



























Caio tantas vezes como me levanto e ando em frente.
Pensei ser tudo o mais que não consigo ser, e afinal somos tanto.
Não olho para trás mas sei que estás aí.
A tristeza, o desengano, as falhas , o medo.
Sou menos e mais. Menos perfeita, mais real.
Sou inteira de tudo o que me fez cair ou vencer.
As folhas também são viçosas e caem.
Vem sempre a primavera. Nada a temer.
Sou apenas eu, que não sei ser de outra forma senão sentimento.
E o amor que é imperador, esse malvado!
Já não sei de onde vem o meu canto.
Fez-se independente de mim e tem vontade própria.
Agora caminhamos lado a lado.
Tenho de dar-lhe a mão, fazer as pazes e ir caminhando que o amor é já ali , no fim de tudo.
YS





                       Gente com mais


Caminhos difíceis não são para todos.
E alguns fazem-no facilmente.
Mesmo que difíceis se repitam . Serão gente?

As lágrimas são de gente decente.
Que almeja o mesmo destino,
daquilo que em nós é presente. Serão gente?

Não me conformo com muito.
Nem com pouco me aguento.
É que se sente a dor de ter.
Mas sente-se a dor de não ter.
Serei gente?

Damos mas não o fazemos.
Falamos mas não o dizemos.
Choramos mas não sabemos que
o nosso lugar é diferente.
Seremos gente?

O problema é que somos gente.
E isso dói mais. 
Sabermos que somos gente e nada mais.
Podemos tudo, se quisermos, e nada também podemos .

A escolha faz-nos ser diferentes e talvez ser mais que gente, continuando a ser apenas gente com mais.

terça-feira, 1 de maio de 2018

Nostalgia

A nostalgia devia ser calma e serena.
Não transpor os limites da seriedade nem blindar a razão toda que o tempo nos trouxe em doses suficientes para fabricar experiência.
Mas nem vem calma nem serena porque explode como se o dia já nem existisse e o espaço fosse apenas um pedaço de céu num buraco negro a pairar na nossa consciência.
É como gelo que nos envolve e prende  a capacidade de abrir os olhos , de ver de forma certa.
A nostalgia é cega de si própria e nem se dá conta de ser inconsciente , pela vontade grande de criar espaço .Um espaço vazio para te encaixar e fazê-la desaparecer no dia e na noite , ou num buraco negro longe da realidade.
Porque esta nostalgia não pode ser real  e só pode ter vindo pelos astros menos habituados ao normal funcionamento do destino.


domingo, 29 de abril de 2018


O caminho em direcção aos sonhos faz-se degrau a degrau.
É em cada passo que conquistamos pedacinhos de felicidade, misturada com tristezas e desilusões também . 
Sabemos que no fim da subida podem existir sonhos , mas mesmo que não existam já conquistámos tudo no caminho.

sábado, 14 de abril de 2018

Mundo da eternidade 

Queria fazer-te um poema avó.
Que fosse mais alto e mais  nobre
que qualquer limite de todas as alturas.
Que nem Deus o limitasse  para lá da luz mais distante.
Fosse um poema constante como o universo em movimento.
Sem condição de espaço nem tempo .

Um poema de silêncio mas com o som da natureza.
Suave e ondulante , embalando a tua paz.
Nobre como o canto da tua voz.

Queria fazer-te um poema avó.
Que pudesses senti-lo para além da vida.
Como um sentimento vivo que se desloca pelo caminho da tua crença e fosse tocar à tua porta como da última vez que te vi.
Como eu, outrora perdida mas na tua mão estendida, fosse ele aí ter, na altura mais divina.Altura da tua chegada à mais luminosa vida.


Para ti querida avó que estás aí no mais alto dos mundos. O mundo da eternidade ❤