Segredos abertos
Letra: Yolanda Soares
Música: Yolanda Soares e Abel Chaves
Existe dentro das almas um segredo,
tão denso que o mundo se torna leve.
Tem uma força desmedida.
Uma fantasia escondida.
São segredos abertos mas não descobertos.
Só sentem os seres inconstantemente libertos,
que parecem dizer palavras tão certas.
Mas apenas se ouvem harmonias incertas.
Brancas e transparentes, quando desfeitas no tempo.
Este é o meu espaço de escrita. Sempre escrevi desde pequena e sempre soube que a minha inclinação seria toda para o uso da palavra e da música como instrumentos da alma . Para me compreender basta ler-me e ouvir-me , mesmo que não se perceba o que escrevo ou o que canto, porque eu própria uso frases e expressões que me são enviadas do mais recôndito espaço do meu ser , aquele espaço que até eu desconheço ou desconhecia que pudesse existir. E é povoado não só por mim.
sábado, 31 de março de 2018
sexta-feira, 30 de março de 2018
Silencio é muito mais amor que não fala
Não queiras saber se o mar se esconde no coração.
Não queiras saber se o sol se esconde na solidão.
Porque tenho muito mais para dizer.
Muito mais para confessar.
Perdi o rumo à minha própria vontade.
Ando a navegar à deriva do momento,
ao som do esquecimento.
Não queiras saber de mim nem da minha dor.
Não queiras saber se a noite esmaga o rancor.
Porque não sinto aquilo que quero.
Não faço aquilo que espero.
Ando na linha do
vento,
porque me falta pouco ,pouco tempo.
O silêncio é
dos mais fortes,
dos amores impossíveis,
das ruas, das cidades,
nas noites de claridade.
O silêncio é de ouro.
Plantado numa chama,
queima até o sol,
e clama !
Silêncio nem é dor,
porque a dor não se cala.
É muito mais amor que não fala.
Silêncio é muito mais amor que não fala.
quinta-feira, 29 de março de 2018
De dia para dia
De dia para dia volto a mim.
De dia para dia dobro o cabo da boa esperança,
onde as tormentas foram mares nunca dantes navegados.
Mas já que os naveguei, de dia para dia são amados:
amados em cada nota mal dada ou respiração cansada,
até voltar ,de dia para dia, à minha mais completa, triunfante, chegada.
De dia para dia serei mais eu e farei do Adamastor o meu amuleto com asas de gaivota e sonhos de navegador.
E, seja o que for, seja mesmo o que for, a realidade, de dia para dia, será sempre a minha prova de amor.
Mas sempre!
Porque de dia para dia sou cada vez mais eu, inteira, seja eu quem for.
De dia para dia volto a mim.
De dia para dia dobro o cabo da boa esperança,
onde as tormentas foram mares nunca dantes navegados.
Mas já que os naveguei, de dia para dia são amados:
amados em cada nota mal dada ou respiração cansada,
até voltar ,de dia para dia, à minha mais completa, triunfante, chegada.
De dia para dia serei mais eu e farei do Adamastor o meu amuleto com asas de gaivota e sonhos de navegador.
E, seja o que for, seja mesmo o que for, a realidade, de dia para dia, será sempre a minha prova de amor.
Mas sempre!
Porque de dia para dia sou cada vez mais eu, inteira, seja eu quem for.
quarta-feira, 28 de março de 2018
Sim, o que se
vê são castelos feito de areia . Fui eu que os fiz.
E agora tudo me pertence como se fosse desde sempre meu .
E
então virei-me para dizer que sim
a tudo e abandonei-me.
Disse sim a ficar na eternidade
da mais cruel das escolhas .Escolhi ficar sem mim para continuar a caminhar sem ti e contigo.
És nada que me enche.
Eu não penso
Não penso em nada de contínuo nem de concreto. É tudo simplesmente assim. Sem pensar. Colo-me a ti sem corpo nem toque. Colo-me no nada. No nada cheio de imagens presentes.De sentimentos vibrantes. De ficção.Deixa estar. Estar é deixar correr .Corre tudo num instante .Num instante corre a vida e a vida num instante deixa de ser o que parece. É um nada que me enche .Enche-me de tudo o que não é real. És nada que me enche .
terça-feira, 27 de março de 2018
À deriva
Há um frio que está lá fora
Há um frio que vive fora
No calor de um sol contínuo
Dos nossos corações mais longínquos
Os que fogem e se esquecem
Os que sofrem devagar
Hora a hora, dia a dia
Vão ficando menos vivos
Há um frio que é mantido
Pelo silêncio e indiferença
Nem o sol ilumina e clareia a realidade
É o frio que comanda
É o frio que se acende
Como chama que consome
E os nossos corações vão ficando pequenos
Tão pequenos que irão flutuar
Como cascas de noz à deriva.
À deriva pelo mar.
Levaste de mim
Levaste tudo de mim
Levaste um pouco de mim
Levaste tudo e pouco de mim
Levaste de mim
Fiquei com tudo de ti
Fiquei com pouco de ti
Fiquei com tudo e pouco de ti
Fiquei de ti
A sombra que nunca se apaga
A luz que nunca se acende
Um sentir constante
Um estar e não
estar presente
Um livro de contraponto
Pergunta resposta assunto
Amor sempre
ausente
Jogo intermitente
Tonalidade doce.
Ficaria horas a escutar
até adormecer .
Como um embalo de sons verdadeiros.
É assim que sinto.
Como se fosse eterno que pudesse escutar .
E logo de repente as mágoas e o
silêncio.
E as cores sem vida .E os pensamentos.
E a realidade.
A realidade do que escuto é indefinível.
Um misto de mágoa e luz.
De encanto e dor.
De amor e mentira.
De sons lancinantes
que me acalmam.
Porque me acalmam se sinto dor?
Será este o som da eternidade?
Da minha ligada à tua?
Da minha ligada à tua?
Que não me ouçam os anjos.
Nem os deuses.
A minha tonalidade não é pensada.
É sentida.
Infinitamente sentida.
E a doçura do que se ouve de mim , é silêncio.
É prece distorcida.
A tua, já a tua é ouvida.
Amargamente ouvida.
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